Magérrima
Saiote curto, pernas longas, ossos salientes, cara seca, poucas carnes na retaguarda.
A entrada na alcova. Mão no interruptor. Luz fraca. Corpos em vulto.
Na festa dos afagos, a transmutação. Beijos, suspiros lânguidos, língua morna e espevitada. O esquecimento da, antes, insossa magérrima. O surgir, no escuro do leito, do espectro de uma dadivosa sultana.
A entrada na alcova. Mão no interruptor. Luz fraca. Corpos em vulto.
Na festa dos afagos, a transmutação. Beijos, suspiros lânguidos, língua morna e espevitada. O esquecimento da, antes, insossa magérrima. O surgir, no escuro do leito, do espectro de uma dadivosa sultana.
Maldita Comédia
Nascido, fez-se retirante. As brincadeiras com os gravetos das estradas. Acredita que foi o seu Céu.
Galalau, dando no couro para o trabalho, fez-se roceiro dos coronéis da caatinga. Um Purgatório sem fim. Grande de não acabar mais, como o mar que ele viu um dia.
Hoje, alquebrado, velho, abandonado no fundo de uma rede mijada, a doença braba a lhe roer os bofes, sonha com o fim. Topa até o Inferno.
Malvada
— Malvada! Chegou, mexeu, levou meus troços, usufruiu de mim, meteu-se comigo por dentro da noite. Uma malvada, compadre.
— Entendo, compadre.
— Malvada! Enroscou-se feito uma cobra dentro dos meus bofes, que fiquei feito um cabra morto, abestalhado pelo seu veneno. Uma malvada, compadre.
— Entendo, compadre.
— Malvada! Fez um fuzuê tão grande com meu juízo, que esqueci tudo: mulher, trabalho, a maledicência da cidade, os bons modos... Aos gritos dentro da noite. Uma malvada, compadre.
— Entendo, compadre.
— Malvada! Malvada!... Fez isso tudo e não volta, compadre. Uma malvada, compadre.
— ...
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