segunda-feira, 26 de setembro de 2011

SAUDAÇÃO A NOVENÁRIO DE ESPINHOS

Por Clauder Arcanjo

Escritor Elder Heronildes, presidente da AMOL

Minha querida coautora Lilia Souza, da Academia Paranaense da Poesia

Meu querido cunhado-irmão deputado federal João Ananias Vasconcelos Neto

Caro amigo-irmão David de Medeiros Leite, cidadão com quem tenho a honra de dividir os destinos da editora Sarau das Letras

Escritor, professor e amigo-incentivador Rafael Sânzio de Azevedo, mestre maior das letras cearenses, um dos ícones da cultura poética brasileira

Autoridades já nominadas

Meus pais Zequinha e Maria, meu irmão José Maria e esposa, demais familiares

Minha querida esposa Luzia (Biscuí) e meus amados filhos (Artur, Mateus e Lucas Francisco), sementes de amor

Membros da imprensa

Peço permissão ao protocolo para saudar o mestre Nonatinho e a escritora Zenaide Almeida Costa (aqui representada pelo seu sobrinho, o médico e amigo Dr. Antônio Leite). Em nome deles, saúdo a todos os confrades e confreiras do Instituto Cultural do Oeste Potiguar, bem como às diversas agremiações e representações da cultura potiguar aqui presentes ou nominadas

Meus queridos alunos e alunas

Minhas senhores e meus senhores

Nesta noite de 27 de maio de 2011, ano do Centenário de nascimento de Milton Pedrosa, colocarei sobre a vossa mesa, caros leitores (sim, pois espero que vós leiais esta obra), o meu terceiro livro — Novenário de espinhos (Sarau das Letras).

Como já anunciei ao longo desta semana, não me peçais para descrevê-lo; “uma obra poética, para mim, é algo indescritível. Misto de dor e riso, alquimia de lágrimas e venturas, amálgama de solidão e companheirismo. Sob certo ponto, compasso de espera e avanço. Imbricação de louvação e amarguras. Banho de bem-aventuranças e desamparos. Luz dos olhos, escuridão dos renegados.”

Uma coletânea de poemas, para mim, é por demais singular. “Capricho das mãos, pulsar dos intestinos, resfolegar do espírito, antojo da alma. Novenário de espinhos.”

“Oh, céus! Oh, céus!/ Quem obra por Cristo?”

Quando (lá se vão alguns anos) me vi de braços com a poesia, um rubor invadiu a minha face, um tremor assomou-me às mãos. Trêmulas mãos.

O cantar das ‘musas’ rasgava-me, então, a carne, e um fogo novidadeiro consumia-me todo.

Quase sempre a madrugada jogava um manto pardo sobre os meus escombros, e eu corria, feito louco infatigável, atrás de um verso bissexto. Pela manhã, no sereno da dor, tal cantiga de galo, menestrel das idiossincrasias da noite, flagrava-me com várias folhas repletas de rabiscos, estrofes ansiosas por traduzir e eternizar (vã e sábia ilusão!) os desvelos e mistérios dos homens e dos dias. Sonata de profundezas.

“Vi-me, então, no calvário iniludível das horas./ Resolvi, sereno, desistir e entregar-me./ Navegaria nessa sonata de profundezas.”

Algumas vezes, a garra adunca de Eros assumia a minha pena, e mergulhava-me todo em “Cânticos de danação”.

Envergonhado, largava o mister poético e fechava-me em copas de ‘santidade’. Para, em poucas horas, entregar-me profundamente aos lampejos melífluos de uma paixão-tesão insana.

“Nos ouvidos, ecos de Eros,/ Em ganidos e urros loucos/ — Cânticos de danação.”

Aqui estou a falar daquilo que se tem pouco a dizer. Na raiz de tudo, a inquestionável impossibilidade do contentamento. A revolta contra o fim, a rotina, ou contra o caminhar com os limites (freios!) à mão. A poesia tem cheiro de infinitude. Tem ares de eternidade, apesar da sua estreita ligação com a realidade que nos cerca (e enerva).

No fundo, no fundo, divisamos apenas “Frestas”.

“Nada a rezar/ Nem ao menos a duvidar./ Nada de sol nem de cor./ Em torno, bem no entorno,/ Apenas frestas, poucas/ Frestas ao sentenciado.”

Se me fiz poeta? Se me tornarei imortal?

Não sei, sinceramente não sei. Apenas sei que não quero viver sem a companhia da minha poesia. Tosca, desajeitada, desritmada... Mas é ela quem sabe falar melhor de mim, e a mim. “Remissão tardia”.

“Menti,/ Quando te disse/ Que escrevia poemas.”

Biscuí, todos os meus livros deságuam em ti. Novenário é dedicado aos nossos filhos — Artur, Mateus e Lucas Francisco —, sementes de amor. Assim como eu, discípulos teus.

Apenas desejo que Novenário de espinhos não seja mero espinho prosaico, visto que tem a pretensão de novenário poético.

Visitai as páginas-contas deste meu Novenário.

Lá, tereis “Um tanto assim” de angústia; no entanto, um bocado assim de enfrentamento. Servirei o “Café das cinco”, com Miriam Carrilho e Rizolete Fernandes. Sob a guarda da arte augusta de Augusto Paiva, em fotos de Fred Veras, e com desenhos de Augusto, Lourenço e João Helder Alves Arcanjo, meu mano caçula. Todos eles meus fiéis companheiros de utopia literária, salvadores do meu Novenário.

“Altissonante”, lembrar-vos-ei de duas companheiras traquinas: a vida e a morte. Contudo, comprometo-me, pronunciarei poucas verdades e um punhado de indagações...

Ou seja: “Um viver, da memória, povoado”.

Novenário de espinhos — “Vem da grota, o rumorejo,/ Balbucio de inquietações,/ Sibilos dos fantasmas,/ Musgos dos ancestrais.”

Que a literatura cubra, e redima, os meus pecados de escrevinhador. Amém.

Muito obrigado, e tenhais paciência com a minha poética. Não olheis as minhas faltas líricas, mas a fé que anima a minha tosca poesia.

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